» » E se você aceitasse a Jesus em 1950? Como seria?!

Imagine que você está em 1950 e aceita a Jesus numa igreja evangélica. Sendo um "novo convertido" você está alegre e feliz por sentir a presença de Deus, ser curado, liberto. Mas daí a algum tempo que você já está firme, algum irmão do ministério, ou mesmo um simples membro da igreja, senta-se ao seu lado, e diz:

"-Irmão, você ainda bebe refrigerantes? Olha agora nós somos nova criatura.....devemos ser santos, como santo é o nosso Deus...tudo nos é lícito mas nem tudo convém..."

E o mesmo argumento ele repete para se abster de shampoo, perfume, sabonete, sandálias, e o uso obrigatório do chapéu. Doutrina rígida das igrejas naquela época! A não adaptação a estes requisitos impediam o batismo nas águas, e para os membros, suspensão e exclusão.

E você se pergunta:

"-Meu Deus, mas o que tem a ver o refrigerante, o shampoo, o perfume, sabonete, e outros, com o fato de ser nova criatura?!...Eu uso todas essas coisas e não vejo nenhuma condenação!!!"

Para aquela época essas coisas tinham tanto a ver, como hoje ainda tem a bermuda, a camiseta, a mulher usar calça, brincos, pulseiras, para algumas igrejas. Podem ser minoria, mas uma enorme minoria que atinge principalmente cidades do interior. Hoje seria ridículo dizer que refrigerante é pecado até mesmo entre os mais legalistas. São vendidos inclusive nas cantinas das igrejas. Muitos sequer sabem que esta doutrina existiu. Teria Deus mudado de ideia e liberado os refrigerantes?! A Palavra de Deus mudou?! Ou os preceitos dos homens não resistiram ao tempo???

Hoje, o cristão que usa uma bermuda decente, ou uma mulher cristã usar uma calça comprida decente, são vistos por alguns mais legalistas como "crentes fracos". Mas os crentes que não usam bermuda, mas falam mentiras, caluniam o próximo, esses não são vistos como "fracos". Mentiras, calúnias, fofocas, são pecados mais perdoados do que desrespeitar as leis da igreja. 

Conclui-se então que em muitas destas denominações religiosas disciplina-se mais por quebra de estatuto interno do que por desobediência a Palavra de Deus. Há uma diferença muito grande entre ser cristão e viver uma vida religiosa. Ser religioso é viver fielmente na regra da organização religiosa a qual a pessoa se torna adepto, é viver, praticamente, para agradar aos homens, aos líderes que implantam estas "doutrinas". Ser cristão é viver uma vida no caráter de Cristo.

Uma igreja que prega desde suas bases (motivo da reforma) "Só a Escritura - Sola Scriptura", não pode disciplinar pessoas em função de "doutrinas" que daqui a 20 ou 30 anos se tornam obsoletas. Não podem (ou melhor, não poderiam) por anos a fio intimidar milhares de pessoas a não usarem camisas de manga curta (até o cotovelo), exigindo mangas nos pulsos, e simplesmente depois de algumas décadas, vermos obreiros e pastores usando o que proibiam, condenavam, excluíam. E uma das formas de intimidação que acho mais covardes são os contos de porta de igreja.

E se já não bastasse pregar estes mandamentos de homens, fazem o pior: condenam a todos os outros, que nem fazem parte de suas igrejas, taxando de "crentes mundanistas", "igreja da porta larga", "igreja que pode tudo", etc. Em suas reuniões, há intimidações e ameaças espirituais aos que queiram "desobedecer" as normas doutrinárias. São contos e fatos sobre pessoas que ficaram doentes e morreram por usar uma bermuda, ir à praia, jogar bola com os filhos, etc.

Imagino como a mão de Deus será pesada sobre as pessoas que inventam estas historinhas ainda hoje com relação a suas doutrinas, que também terão seu fim daqui a alguns anos. E é incrível como tem aceitação entre o povão, que nem ao menos procuram saber se é verdade, se há constatação de fatos. E mesmo que algumas sejam verdadeiras, isso não embasa dogmas, como se tivéssemos que seguir a Cristo por medo, retaliação, e não por amor, por novo nascimento.

Em Marcos capítulo 7 o Senhor Jesus nos dá um exemplo da intolerância dos legalistas:

"Foram ter com Jesus os fariseus, e alguns dos escribas vindos de Jerusalém, e repararam que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar. Pois os fariseus, e todos os judeus, guardando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente; e quando voltam do mercado, se não se purificarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar, como a lavagem de copos, de jarros e de vasos de bronze.

(Note que eles observavam vários dogmas - as tradições dos anciãos)

Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por lavar? Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim; mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens".

O que vemos acontecer entre alguns cristãos que se acham "mais santos" que os outros é bem parecido com o que ocorreu em Marcos 7. Este direito de julgar quem anda ou não em santidade não foi dado a nós.

"Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão?" (Romanos 14:10a)

Não está no ofício do cristão definir níveis de santidade, mas este julgamento chega as narinas do altíssimo como uma "fumaça".

"E dizem: Retira-te, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são uma fumaça no meu nariz, um fogo que arde todo o dia". (Isaías 65:5)

Muitos costumam a atribuir ao passado (50 anos atrás) uma imagem que as igrejas legalistas eram mais "santas", "cheias de poder", que eram "homens e mulheres exemplares", que "fizeram a igreja crescer", etc. Os que defendem os legalismos do passado costumam ler os versículos que falam do fim dos tempos, atribuindo a HOJE a visão escatológica do homem moderno (usando bermuda, camiseta) como o sinal dos falsos mestres, ou seja, que o fato de não estarmos debaixo daquele jugo doutrinário de 1950 é sinal dos tempos. 

Ora, porque atribuir a uma igreja que está a 1950 anos depois de Cristo um perfil de igreja primitiva, como se fosse nos tempos de Cristo?! Porque os versículos citados que "no final surgirão falsos mestres" não serve também para 50 ou 100 anos atrás?! Estamos no fim dos tempos, e qual a diferença desta expressão para cem anos atrás?! Logo, podemos também atribuir a estes versículos sobre os falsos mestres da seguinte maneira:

"Porque surgirão falsos mestres....(continuando na nossa pregação)...proibindo e criando leis, excluindo por preceitos de homens, condenando shampoo, perfume, sandálias, obrigando o uso do chapéu, etc..."

Porque não pode ser assim interpretado?! Porque temos a mania de redimir tanto as igrejas do passado? Os problemas sempre estiveram presentes em igreja de nosso século, como nas dos séculos passados. Se lemos a Bíblia, vemos casos de adultérios, fornicações, homicídios, traições, com homens que nem sonhavam o que era paletó e gravata, nem imaginavam um dia existir aparelho de TV.

Então conclui-se que a época e os avanços tecnológicos são amorais. Quem peca é o ser humano! Uma faca é um objeto amoral. Você pode usá-la para descascar uma laranja, como a mesma faca nas mãos de um homicida pode ser usada para matar alguém. Dizer que em 1950 os crentes eram mais "poderosos" e hoje está todo mundo mais moderno e por isso "mais pecador" é conversa de legalista que quer justificar as trapalhadas de sua igreja no passado. 


Basta ler a história destas igrejas, suas datas de fundação, e descobrirmos onde começou estas doutrinas. Se uma igreja foi fundada em 1930, por exemplo, e ela acredita piamente que suas doutrinas são as únicas certas, que santificam, etc, como fica o povo que viveu antes desta data?! Não havia salvação antes de 1930?!

Talvez este seja o motivo do pecador pensar em ser crente somente depois de velho. Afinal, a igreja irá proibir tudo mesmo, e sendo velho isso não fará tanta diferença assim. Nas ruas, evangelizando, perguntamos: "-Você quer Jesus?"  Respondem: "-Quero..." Perguntamos também: "-Quer ser crente?" Respondem: "-Deus me livre..." Sentimos um certo repúdio.

É lamentável que isso ocorra justamente aqui no Brasil, onde o povo é tão carinhoso, atencioso, um povo embora pecador, mas de um certo modo, temente a Deus, religioso.

Porque existem essas coisas no meio do povo lavado e remido pelo Sangue de Jesus? Falta de doutrina parece não ser, pois muita gente sabe bem o que a igreja permite e não permite! Mas a Bíblia permite ser desonesto? Ser mentiroso?? Não ter palavra com outro irmão??? Ou a Palavra de Deus nos ensina a sermos honestos, a falar a verdade cada um para com o seu próximo, a viver o "sim, sim, não, não"?!?! 

Infelizmente presenciamos casos de obreiros cheios de invejas, ciúmes, fofocas, etc... Não estou aqui generalizando e afirmando que somente as igrejas de doutrinas rígidas tenham pessoas sem caráter. Esse tipo de gente tem em todo lugar! Mas um fato é real: Falta, em algumas igrejas, o ensino do caráter de crente. Ensinar a verdadeira DOUTRINA da Bíblia, que é andar como Cristo andou. Ensinar a amar ao próximo com sinceridade e não somente de palavras. A viver o Evangelho de Cristo, um cristianismo genuíno, um viver "santo" segundo a Palavra de Deus, e não segundo os homens.

"Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar". (Mateus 23:13)

 ADD Pr Denis - CLIQUE AQUI
Denis de Oliveira é pastor da Assembleia 
de Deus, Ministério Poder de Deus, RJ.



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